Uma adaga é uma lâmina de dois gumes, concebida principalmente para esfaquear.
Ao contrário das facas, que podem ter um único fio e utilizações mais práticas, o punhal tem uma lâmina simétrica e pontiaguda, o que o torna uma ferramenta de combate eficaz a curta distância.
O punhal está presente em quase todas as culturas do mundo e evoluiu de acordo com as necessidades táticas, tecnológicas e simbólicas de cada época.
Origem da adaga
Uma das primeiras formas conhecidas de punhal foi encontrada no que é hoje a região de Hallstatt, na Áustria.
Esta peça, encontrada num túmulo neolítico por arqueólogos austríacos no século XIX, é esculpida em sílex e mede aproximadamente 20 cm. O seu formato plano, afiado em ambos os lados, sugere utilizações utilitárias e defensivas.
As primeiras adagas eram feitas de pedra, osso ou chifre, e a sua produção exigia um elevado grau de habilidade técnica para a época.

Punhais na Mesopotâmia e no Egito
Com a chegada da Idade do Bronze, as adagas tornaram-se objetos metálicos.
Na Mesopotâmia, foram encontrados punhais nos túmulos de Ur (atual Iraque), datando de cerca de 2500 a.C. Estes punhais, feitos de bronze ou ouro, eram ricamente decorados e associados a estatuto e poder.
No Egito, uma das adagas mais famosas foi encontrada no túmulo de Tutankhamon (datado de cerca de 1323 a.C.). A sua lâmina é forjada em ferro meteórico, sendo uma das peças de ferro mais antigas conhecidas. A lâmina perfeitamente trabalhada e o cabo ricamente ornamentado indicam a sua função simbólica e ritual, refletindo também a grande habilidade dos artesãos egípcios.
A Adaga de Alaca Höyük
A adaga de bronze Alaca Höyük merece uma menção especial. Encontrada no norte da Turquia num complexo funerário hitita e datada de cerca de 2500 a.C., esta adaga foi descoberta por arqueólogos turcos em 1930 e distingue-se pela sua ornamentação elaborada, com incrustações de ouro e decorações geométricas.
O seu design revela não só um uso cerimonial, mas também um conhecimento metalúrgico refinado.

Evolução histórica das adagas
Durante a Idade do Ferro e a Idade Clássica , as adagas continuaram a ser refinadas.
Na Roma antiga, o "pugio" era o punhal padrão dos legionários, com uma lâmina larga e curta, ideal para o combate corpo a corpo.
Na Idade Média europeia, o punhal tornou-se uma arma essencial para os cavaleiros. Surgiram variantes como:
- O punhal rondel: com guarda circular e lâmina afiada, estreita e forte, era utilizado para finalizar os adversários entre as costuras das armaduras. Era também utilizada como símbolo de nobreza e como ferramenta quotidiana.
- Bollock punhal: Caracterizado por duas saliências no punho (daí o seu nome), este punhal dos séculos XIV a XVI era tanto uma arma como uma ferramenta. Simbolizava masculinidade e coragem, e foi precursora do desenho do punhal escocês sgian-dubh.
Durante o Renascimento , o punhal tornou-se também uma arma secundária no combate de espadas. A "mão esquerda" ou "gauche" principal era utilizada para aparar os ataques do adversário enquanto contra-atacava com a espada.
No Oriente , a evolução seguiu caminhos diferentes. O punhal conhecido como katar, na Índia, foi desenvolvido com um cabo transversal e uma lâmina larga, concebido para perfurar armaduras.
No mundo árabe , a jambiya assumiu um papel funcional e simbólico, com a sua lâmina curva e rica decoração.
Durante os séculos XVIII e XIX , os punhais eram usados por soldados, marinheiros e civis tanto em contextos de combate como de autodefesa.
No século XX , o seu uso tornou-se especializado. As unidades de elite durante a Segunda Guerra Mundial usaram adagas como a Fairbairn-Sykes, concebida para os comandos britânicos e conhecida pela sua eficácia em combate corpo a corpo.

As adagas são mais do que meras armas; representam estatuto, poder e habilidade técnica ao longo da história. Desde ferramentas neolíticas a símbolos cerimoniais e armas de elite, a sua evolução reflete a diversidade cultural e tecnológica das civilizações humanas. Estudar adagas é como embarcar numa viagem pela história humana, compreendendo como um objeto se pode adaptar e transformar de acordo com as necessidades e valores de cada época e lugar.
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