O lado cerimonial e guerreiro dos povos indo-europeus
As espadas celtas são vestígios tangíveis de uma das culturas guerreiras mais influentes da Europa pré-romana. Desde as primeiras lâminas de bronze até às espadas de ferro decoradas com detalhes artísticos únicos, estes artefactos não eram apenas ferramentas de combate, mas também símbolos de estatuto, rituais e tradições tribais.
Encontrados em túmulos e rios sagrados, muitos deles residem hoje em museus europeus, preservando o legado dos antigos povos celtas.

Origem e evolução histórica
As primeiras espadas celtas surgiram durante a Idade do Bronze, por volta de 1200 a.C., como uma evolução das adagas alongadas. Estas lâminas, fundidas em bronze, tinham formatos simples, concebidas principalmente para estocadas.
Com o passar do tempo e com a adoção do ferro na Idade do Ferro (cerca de 800 a.C.), as espadas celtas evoluíram em comprimento e funcionalidade, permitindo cortes e estocadas mais eficazes.
O período La Tène (séculos V a I a.C.), assim designado em homenagem ao sítio arqueológico suíço onde foram encontrados numerosos artefactos celtas, marcou um período de grande refinamento no fabrico de espadas. As lâminas tornaram-se mais compridas, os cabos tornaram-se mais ergonómicos e decorativos, e as bainhas, geralmente feitas de ferro ou bronze, eram trabalhadas com grande cuidado.
A espada não era apenas uma ferramenta de guerra, mas um objeto carregado de simbolismo.

Tipos e usos de espadas celtas
Ao longo dos séculos, os povos celtas forjaram diferentes espadas consoante a época, a região e a função. Algumas eram utilizadas principalmente para a guerra, enquanto outras tinham fins cerimoniais ou simbólicos.
Entre os exemplos mais notáveis de espadas celtas, historicamente confirmados, encontramos:

espada de bronze celta
Utilizado entre os séculos XIII e VIII a.C., tinha uma lâmina curta e simétrica terminando numa ponta.
Muitos deles foram encontrados em contextos funerários ou atirados para rios como oferendas.
Estas armas destacam-se pela sua simplicidade formal e pela sua função tanto no combate corpo a corpo como em rituais.
(Imagem da Espada de Bronze Celta, réplica da espada curta em bronze )

Espadas celtas do Museu Arqueológico Nacional de Madrid
Esta instituição conserva diversas espadas de ferro do tipo La Tène encontradas na Península Ibérica, especialmente na Meseta Norte e no noroeste.
Estas armas revelam a presença e a influência celta nas antigas tribos hispânicas, com lâminas de combate retas e cabos que variam de acordo com a tribo ou região.
Alguns mostram sinais de terem sido dobrados ritualmente antes do enterro, uma prática comum na tradição celta.

Espadas La Tène com bainha
Representativas da Idade do Ferro (século VI a.C.), estas lâminas longas e retas de ferro eram ideais para golpes de cavalaria. As bainhas, frequentemente decoradas, indicavam o estatuto do guerreiro.
Vários exemplares estão preservados no Museu Britânico e no Musée d'Archéologie Nationale, em França, mostrando uma notável variedade de estilos regionais.
(Imagem de uma espada celta do período La Tène, com bainha, categoria C )
Espada celta de Gündlingen
Encontrada no sudoeste da Alemanha, é uma das espadas mais antigas do final do período Hallstatt (século VIII a.C.).
Fabricado em bronze, apresenta uma lâmina larga, curta e simétrica, com punho fundido. O seu design sugere uso ritualístico e também ofensivo.
Esta espada deu o nome ao “tipo Gündlingen”, amplamente difundido pela Europa Central.

Espada Celta de North Grimston
Encontrado em Yorkshire, no Reino Unido, é notável pelo seu cabo antropomórfico, possivelmente associado a funções cerimoniais para além do combate.
Está em exposição no Museu de Yorkshire e é uma das descobertas celtas mais icónicas das Ilhas Britânicas.
(Imagem da Espada Celta de North Grimston, Marto, réplica )
Espada celta de Ribadeo (Lugo, Galiza)
Encontrado no século XX, é um claro exemplo da cultura celta do noroeste da península.
A sua lâmina reta de ferro e a bainha de bronze em relevo sugerem influência dos estilos La Tène, embora adaptada localmente. Esta peça confirma a disseminação da cultura celta para a costa atlântica ibérica.

As espadas celtas, longe de serem armas simples, eram elementos cruciais de uma civilização complexa e profundamente espiritual.
Através das suas diferentes formas — desde a primitiva lâmina de bronze até à espada estilizada de La Tène — estas armas refletem séculos de evolução cultural, técnica e simbólica.
Hoje, continuam a falar connosco através de vitrinas de museus e relatos arqueológicos, mantendo vivo o espírito indomável dos antigos povos celtas.








